Sistema Agroflorestal Cambona 4

O projeto partiu de uma demanda da comunidade, e a partir da avaliação dos problemas, diversas entidades uniram forças para buscar soluções. Em um levantamento realizado ainda em 1994 constatou-se que os produtores rurais de Machadinho (RS) tinham na atividade ervateira uma importante fonte de renda. Entre todas as propriedades rurais da região, apenas uma não cultivava erva-mate. Entretanto, os produtores não tinham regularidade na produção e venda do produto, e só eram procurados pelos compradores quando o produto faltava em outras regiões. Com o objetivo de organizar e fortalecer a cadeia produtiva, os produtores criaram a Apromate, além de firmar parcerias com a universidades para estudos que ajudassem a melhorar a produtividade. Entre os resultados das pesquisas, destacou-se a proposta do Sistema Agroflorestal Cambona 4. A partir de 2000, a Apromate e seus parceiros comprovaram, por meio de testes industriais, que a matéria prima da Cambona 4 (um melhoramento genético desenvolvido a partir das pesquisas) poderia substituir a erva-mate nativa na mistura que originava o produto final destinado ao mercado, diminuindo a exploração dos remanescentes. Além disso, o sistema de plantio consorciado com espécies nativas (agroflorestal) mostrou-se mais produtivo que o convencional, baseado na monocultura. O incremento na qualidade garantiu, à época, uma valorização de 65% da Cambona 4 em relação à erva-mate comum, com custos inferiores e retorno financeiro quatro vezes superior ao de culturas convencionais, como soja. Para desenvolver as mudas foram selecionadas originalmente seis matrizes nativas de erva-mate fornecedoras de sementes. Entre elas estava uma variedade encontrada em uma propriedade local, que originou uma planta de boa produtividade e que mostrou-se com sabor mais suave, parecida com o das ervas nativas e mais valorizada no mercado nacional – chamada de Cambona 4. Diante dessas vantagens, os produtores da região passaram a se interessar pelo cultivo, mas faltava capital para aderir ao projeto, já que, para a primeira colheita, é necessário esperar, no mínimo, três anos. Em 2010, a Usina Hidrelétrica Machadinho tornou-se parceira do projeto, financiando sua implantação na área de influência da Usina, inicialmente com a doação de 315.983 mudas de erva-mate e outras espécies nativas.De posse das mudas, os agricultores passaram a aplicar a metologia em suas propriedades. Também foi construída na cidade de Machadinho uma indústria voltada exclusivamente para exportação do produto. Cerca de 70% da produção da indústria passou a ser vendida para Uruguai. Em 2009, Consórcio Machadinho e Apromate deram início à segunda etapa do projeto, com a capacitação de produtores para adesão ao novo sistema. Com apoio de diversas entidades, foram oferecidos tecnologia, monitoramento e assistência técnica para a implantação do programa em outros municípios. A partir de 2011, foi atrelada ao projeto Cambona uma iniciativa com foco em conservação de nascentes nas propriedades rurais participantes, que veio se somar aos benefícios já gerados.